Município de Palmela saúda Revolução de Abril e 1.º de Maio
A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião pública de 18 de abril, um conjunto de saudações às comemorações do 25 de Abril e 1.º de Maio, apresentadas pela CDU e pelo PS.
Transcrevem-se abaixo os textos integrais das saudações:
Saudação CDU
44.º aniversário da Revolução do 25 de Abril e do 1.º de Maio em Liberdade
«Falar do 25 de Abril, em Portugal, é falar de esperança e de sonho concretizado, é homenagear a resistência e a luta, é celebrar essa revolução pacífica, cujo exemplo ecoa, ainda, no mundo, ao som de “Grândola, Vila Morena”. A Liberdade que surge, e bem, associada a estas datas não pode, pois, ser vivida de forma envergonhada, nem pode ser mutilada pela memória que se desvanece ou pelos atropelos que se consentem. Significa isso que temos que ver cumpridos, em todos os quadrantes do quotidiano das pessoas, os valores defendidos em 1974.
A progressiva recuperação dos direitos perdidos ao longo desta década - com medidas como a reposição de salários, o alargamento e a majoração de abonos de família, o descongelamento da progressão nas carreiras da Administração Pública, o desagravamento fiscal sobre os rendimentos do trabalho, a atualização das reformas ou o alargamento do apoio às/aos desempregadas/os de longa duração – não nos pode fazer esquecer os graves problemas que subsistem, em áreas-chave para a qualidade de vida das populações e para o progresso de um país que se quer de referência. Falamos, por exemplo, da saúde, da educação e da cultura, onde o continuado desinvestimento criou situações que se aproximam da rotura. Falamos, também, de um futuro de qualidade para as nossas crianças e para as/os jovens, cujo capital de esperança tem de encontrar correspondência na sociedade, com mais emprego, mais segurança, mais oportunidades para a realização pessoal, familiar e profissional.
Num momento em que a situação económica do país regista assinaláveis melhorias, a folga orçamental gerada deve ser canalizada, não para resolver os intermináveis problemas da banca, não para ir ainda mais longe na redução do défice do que o estimado em cada ano, mas para o reforço da dotação do Serviço Nacional de Saúde, da requalificação do parque escolar, da contratação de médicas/os, enfermeiras/os, professoras/es, do apoio às estruturas culturais e às instituições particulares de solidariedade social. E para o descongelamento dos salários da função pública, que continuam por atualizar.
Celebrar o 25 de Abril é, também, assinalar o 44.º aniversário do 1.º de Maio em Liberdade e manter a luta por melhores condições de trabalho. A revogação da caducidade dos contratos coletivos é, desde logo, uma das batalhas que continuam a ser travadas, a par do combate à precariedade e da exigência de salários dignos, numa justa repartição da riqueza. Como foi possível perceber, nos últimos meses, a reposição de direitos e de rendimentos às/aos trabalhadoras/es e pensionistas teve reflexos positivos imediatos na dinamização do consumo interno e na recuperação económica do país. Mas a luta tem de ser ainda mais ambiciosa e pugnar por mais investimento na produção nacional, por formação mais qualificada, por mais oportunidades para as/os jovens em busca do primeiro emprego, por horários dignos, por maior capacidade de conciliação entre os mundos profissional e familiar.
Um país com trabalho de qualidade, mais solidário, mais saudável e mais educado é um país de sucesso, mais atrativo e capaz de assumir, verdadeiramente, o seu papel estratégico na geopolítica mundial.
O pequeno Portugal, plantado à beira do Atlântico, sonhou, desde cedo, muito além das suas fronteiras e semeou laços em todos os continentes, deixando e recolhendo influências culturais que, hoje, têm um reflexo positivo na sua vocação diplomática. A procura da verdade e a capacidade para observar as diferentes perspetivas de uma mesma questão, acima de lealdades cegas ou de redes de desinformação que procuram controlar as narrativas, fazem parte do mesmo “ADN” onde a palavra Liberdade se inscreve, orgulhosa. Nesta “aldeia global”, importa não esquecer que, quando a Paz e os direitos da Humanidade são postos em causa noutros pontos do globo, é, também, a nossa realidade, a nossa Paz e os nossos direitos que estão sob ameaça.
As comemorações do 25 de Abril são, anualmente, motivo de festa e homenagem, em que se lembra o antes e o depois de 74, sublinhando a evolução e as conquistas. Porque esta é, também, a grande festa do Poder Local Democrático, que se afirma em cada concretização deste concelho. Aquele que é o patamar do Estado que mais tem contribuído para a qualificação do território e para a resposta às necessidades das pessoas – tantas vezes abandonadas pelo Estado central – tem vindo a assumir cada vez mais competências e atribuições, em áreas centrais para a qualidade de vida das comunidades e para o seu desenvolvimento. Paralelamente, é neste nível de gestão que a participação cidadã mais se faz sentir, numa relação direta e privilegiada entre autarquias e populações, que permite a resolução rápida do problema concreto mas, também, a discussão das linhas estratégicas de trabalho e da visão que queremos para o futuro.
No concelho de Palmela, o 44.º aniversário da Revolução será assinalado com espetáculos musicais, oficinas infantis, exposições e momentos solenes, sem esquecer o início simbólico de obras importantes para as comunidades, num riquíssimo programa dinamizado, em parceria, pelo Município, pelas Juntas de Freguesia e pelo movimento associativo.
Reunida na Biblioteca Municipal de Palmela, a 18 de abril de 2018, a Câmara Municipal de Palmela saúda o 44.º aniversário do 25 de Abril e convida todas/os as/os autarcas, associações, organizações, trabalhadoras/es e populações do concelho de Palmela a associarem-se ao programa comemorativo, contribuindo para esta grande festa da democracia e da participação cidadã.
Que a delicada situação que se vive em tantos países, quer fruto de questões internas, quer pelo conflito externo e pressões internacionais, nos leve, também, a refletir sobre o verdadeiro significado da Liberdade e de que forma poderemos fazer dela um “farol”, partilhando o nosso exemplo com o mundo».
Saudação PS
Comemoração do 25 de Abril
«Madrugada de 25 Abril de 1974, há 44 anos o país acordava com a notícia que há muito esperava, a ditadura caía pela luta e pela força de um povo que ansiava a liberdade, aliada à coragem dos militares de Abril.
Comemoramos a ação histórica dos capitães do MFA que tornaram diferentes os nossos dias, o nosso futuro, como escreveu a poetisa Sofia de Melo Breyner Andresen:
“esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substâncias do tempo”
O povo saiu à rua, saudou os militares com cravos vermelhos, e o dia começava limpo e inteiro em que o silêncio foi interrompido com vivas à liberdade, à democracia, à libertação dos presos políticos, ao fim da guerra colonial e à justiça social.
Portugal e os portugueses renasciam da escuridão, da opressão, da censura, do exilio, da prisão.
E foram muitos e muitas que resistiram e contribuíram para a consciencialização política de um povo que se foi recusando, cada vez mais, a estar adormecido.
Saudamos hoje e sempre a luta política preconizada e protagonizada por muitos homens e mulheres, trabalhadores, estudantes, inteletuais que durante os 48 anos de ditadura se entregaram, na clandestinidade, na prisão, no exilio, muitos com a sua própria vida, à luta contra aqueles que nos faziam viver em servidão, mas como diz o poeta Manuel Alegre em “Trova do vento que passa”.
“Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.”
Nesse dia a democracia tinha o caminho aberto para o voto livre, para a liberdade de imprensa e de expressão, para a liberdade de reunião e associação.
A revolução dos cravos permitiu iniciar-se a construção dos pilares do estado social próprio de uma sociedade mais inclusiva e mais igualitária.
Construíram-se novas escolas e abriram-se as portas da escola pública a todos e a todas independentemente da cor, do género ou classe social; construiu-se um serviço nacional de saúde; construiu-se comunicação, pelas estradas, pela rádio, pela televisão, pelas novas tecnologias.
Um país novo começava a ser mais que um sonho, começava a ser uma realidade nova que nunca poderemos deixar de enaltecer e de assinalar.
Mas se o dia tem de continuar a ser de festa não podemos perder utopia que nos acompanhou durantes os primeiros anos de liberdade, e que não pode desaparecer, porque e citando Eugénio de Andrade "o mundo é conduzido por loucos e ambiciosos, que só têm em mira o êxito e o lucro, estão-se nas tintas para as preocupações dos poetas, que são, como toda a gente sabe, seres da utopia, essa utopia sem a qual não há progresso."
Abril renasce hoje como uma nova esperança que nos permite reforçar a democracia a liberdade a esperança nesta “nesga de terra”, e aprofundar os pilares do estado social próprio de uma sociedade mais inclusiva e mais igualitária.
As portuguesas e os portugueses voltam acreditar que é possível continuar a construir um futuro melhor e a melhorar os seus direitos.
Palmela é um concelho particularmente marcado por abril e pelos valores da liberdade, da paz e da justiça que o caraterizam. É um concelho do associativismo, da mobilização popular e da participação cívica, de dezenas de associações, clubes e coletividades desenvolvem atividade notável.
Somos um concelho de Abril!».
Saudação PS
1.º de Maio - Dia do Trabalhador
«O Dia do Trabalhador, celebrado a 1 de maio, tem a sua origem em 1886 nos Estados Unidos, data da primeira grande manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago e que originou uma greve geral em todo o país norte-americano.
Em Portugal, os trabalhadores Portugueses assinalaram o 1.º de maio no primeiro ano da sua celebração internacional, em 1890.
Mas o 1.º de maio consubstancia-se em mais do que uma celebração internacional da união dos trabalhadores, em mais do que o reconhecimento dos primórdios das organizações de defesa dos trabalhadores e ainda em mais do que o assinalar das primeiras revindicações de direitos laborais.
O 1.º de maio é a celebração de um progresso civilizacional, é o reconhecimento de que as mulheres e homens que trabalham não são números, máquinas ou ferramentas de trabalho, mas são sim, acima de tudo, seres humanos, portadores de deveres, direitos, liberdades e garantias, bem como de legítimas aspirações a condições de vida e de trabalho melhores e mais dignas.
Esta consciência coletiva da nossa humanidade, surge do confronto com as condições de trabalho e desumanidades a que os trabalhadores foram sujeitos na era da revolução industrial. Graças ao 1.º de maio conquistou-se o Direito a sermos Trabalhadores que constroem e criam e a sermos reconhecidos, recompensados e dignificados pelo nosso trabalho.
A titularidade de direitos laborais é uma conquista civilizacional realizada por todos aqueles que trabalham, uma conquista que ainda hoje, tal como no passado se realiza.
Uma luta que resiste e persiste enquanto existir o desejo de progresso humano.
Neste dia, onde se assinalam tantas lutas travadas e tantas outras ainda por travar, evocar e celebrar o 1.º de maio é lutar pela dignificação do valor do trabalho, por salários justos e pensões dignas, contra o desemprego e contra a precariedade, assim como pela igualdade entre homens e mulheres e pela constante qualificação dos trabalhadores.
Neste 1.º de maio que mais uma vez celebramos nunca é demais saudar e prestar tributo a todos os trabalhadores, mulheres e homens, que diariamente constroem com as suas mãos e esforço, a nossa sociedade em todas as áreas do trabalho, e em particular todas as jovens gerações que procuram agora o seu lugar no mercado de trabalho, e que lutam para permanecer no nosso país e aqui construir o seu e o nosso futuro, por um Portugal Melhor, com mais crescimento, melhor trabalho e maior igualdade».