Município de Palmela aprova voto de pesar pelo falecimento de Fonseca Ferreira
O Município de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião descentralizada realizada a 16 de janeiro, em Águas de Moura, um voto de pesar pelo falecimento de António Fonseca Ferreira, a 14 de janeiro, vítima de doença prolongada.
Da vasta atividade que exerceu ao longo da vida, com destaque para a presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, António Fonseca Ferreira foi também vereador da Câmara Municipal de Palmela pelo Partido Socialista, no mandato 2009-2012.
Transcreve-se, abaixo, o texto integral do voto de pesar:
«Faleceu, no dia 14 de janeiro, vítima de doença prolongada, António Fonseca Ferreira.
Natural de Trancoso, distrito da Guarda, António Fonseca Ferreira iniciou a sua carreira no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, tendo seguido, depois, para o Fundo de Fomento da Habitação, onde foi Diretor de Serviços, e mais tarde, foi Diretor Municipal e Assessor do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Presidiu, durante mais de uma década, à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e esteve à frente da Empresa Arco Ribeirinho Sul, entre 2010 e 2011. Fez, também, parte desta casa, tendo assumido o papel de Vereador da Câmara Municipal de Palmela pelo Partido Socialista, no mandato 2009-2012.
Com uma licenciatura em Engenharia Civil, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e o Doctorat du 3ème Cycle, pela École Pratique de Hautes Études de Paris, Sorbonne, foi Assistente e Professor Associado Convidado no ISCTE, entre 1976 e 1997, tendo lecionado, também, em instituições académicas como a Universidade do Porto, a Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa ou o Instituto Superior de Gestão da Universidade de Coimbra.
Iniciou a sua atividade política nas Associações de Estudantes de Coimbra e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e destacou-se enquanto resistente antifascista, tendo integrado a Comissão Democrática Eleitoral, primeiro no Porto, em 1969, e mais tarde, na Comissão Nacional, em 70/71, o que lhe valeu 30 dias na prisão de Caxias e a condenação a cinco anos de prisão (remíveis em dinheiro), na sequência de julgamento em Tribunal Plenário.
A cumprir serviço militar em Mafra, e mais tarde, no Lumiar, a atividade política valeu-lhe novo castigo, em 1973, recebendo ordem de cumprimento do serviço militar, em regime disciplinar, em Moçambique. Desertou para França, onde obteve asilo político, regressando a Portugal apenas em dezembro de 1974.
Em 1976, fundou o Grupo de Intervenção Socialista, com Jorge Sampaio e João Cravinho, entre outros, e integrou o Centro de Estudos Socialistas, em 1978, e o Movimento para o Aprofundamento da Democracia, em 1983.
Homem de trato fácil e grande humildade, deixa-nos um vasto legado nas áreas do urbanismo, ordenamento do território e desenvolvimento regional. Imprimiu a sua visão estratégica de norte a sul do país, sendo responsável por vários Planos de Pormenor, PDM e Planos Estratégicos, destacando-se a coordenação da elaboração do Plano Estratégico Lisboa 2020.
O profundo interesse pelas políticas de habitação e a gestão estratégica das cidades está no cerne da sua vasta obra literária e deu o mote, também, para a Revista Sociedade e Território, que fundou em 1985 e dirigiu até 2012.
Reunida em Águas de Moura, a 16 de janeiro de 2019, a Câmara Municipal de Palmela delibera aprovar o presente Voto de Pesar pelo falecimento de António Fonseca Ferreira, endereçando sentidas condolências à sua família».