Jornadas Internacionais de Arqueologia marcam nova fase da investigação sobre o período islâmico
As Jornadas Internacionais Terra, Pedras e Cacos do Garb al-Andalus estão a decorrer até sábado, dia 25, reunindo em Palmela mais de uma centena de especialistas nas áreas da Arqueologia, História e Arqueociências, numa iniciativa que marca o arranque de uma nova fase do trabalho de investigação sobre o período islâmico em Portugal.
As Jornadas são organizadas pela Câmara Municipal de Palmela e pelo Campo Arqueológico de Mértola, com coordenação científica a cargo do Grupo CIGA - Cerâmica Islâmica do Garb al-Andalus, que celebra 12 anos de atividade. Palmela, conhecida no meio arqueológico por ser um dos mais importantes sítios com vestígios desta fase, é o cenário ideal para conhecer o muito que se tem feito a nível nacional no campo da arqueologia do período medieval islâmico e perceber o contributo dessas novas descobertas e investigações para a construção do conhecimento histórico.
Na sessão de abertura, na quinta-feira, dia 23, no Cineteatro S. João, o Presidente da Câmara Municipal, Álvaro Balseiro Amaro, destacou esta organização em parceria com o Campo Arqueológico de Mértola, que «muito apraz e orgulha» o Município. O presidente lembrou o trabalho que a Autarquia tem vindo a desenvolver e incentivar no âmbito das Ordens Militares, como os encontros internacionais, que celebraram 30 anos de existência em 2019. «Tem sido uma linha de trabalho muito profícua, que fez de Palmela um centro de estudo e de produção científica e bibliográfica de referência internacional, que muito tem contribuído para enriquecer o conhecimento global que temos sobre a época medieval e as Ordens Militares», realçou.
A presença de vestígios do período medieval islâmico em Palmela foi reforçada com os recentes trabalhos de escavação na encosta sul do castelo, no âmbito da “Intervenção de natureza estrutural para evitar derrocadas nas encostas do Castelo”, cujas descobertas são também reveladas nestas Jornadas. «Estamos, sem dúvida, perante um programa interessantíssimo, com um conjunto de sessões temáticas muito ricas», elogiou Álvaro Balseiro Amaro, fazendo votos de que estas Jornadas «possam marcar o arranque de uma nova fase deste trabalho, com crescente dinâmica e visibilidade».
A diretora do Campo Arqueológico de Mértola e membro do Grupo CIGA, Susana Gómez Martínez, reforçou que «o encontro das duas instituições para realizar estas Jornadas tem sido um sucesso». O programa dá às/aos participantes a «oportunidade de partilhar, discutir e confrontar ideias que não são consensuais, como forma de crescermos todos no nosso conhecimento», referiu.
A abertura contou ainda com uma evocação de Christophe Picard, 20 anos depois da publicação da sua obra “Portugal Musulman”, e com uma apresentação do Grupo CIGA, no qual o Município também está representado. Formado em 2007, o Grupo já realizou 26 apresentações em reuniões científicas, conta com 24 publicações editadas e mais seis em vias de publicação e tem como objetivo criar uma base de dados para a Cerâmica Islâmica do Garb al-Andalus.
Os trabalhos das Jornadas dividem-se por quatro sessões temáticas, no Cineteatro S. João (dias 23 e 24) e no Auditório da Biblioteca Municipal de Palmela (dia 25): “Revelações e novas abordagens sobre o Garb no século XXI”, “Arqueologia preventiva: transformar salvaguarda em conhecimento do Garb al-Andalus”, “O Garb e o Mediterrâneo” e “Da história à arqueologia e da arqueologia à história do Garb al-Andalus”.
Destaque para a participação, no encerramento, de Cláudio Torres, fundador do Campo Arqueológico de Mértola, que tem desenvolvido uma relevante atividade científica na área do património cultural, nomeadamente, nos domínios da Arqueologia, investigação histórica e Museologia. A tarde de dia 25 será dedicada a visitas de estudo a sítios arqueológicos de Lisboa.