Património Vitivinícola
“Palmela sempre foi conhecida como terra de vinhos. Ainda me recordo das adegas onde se fabricava vinho – quase todas as pessoas faziam vinho. Naquela altura [década de sessenta do século passado], no final do Verão, Palmela cheirava a mosto, cheirava a vinho! Reconhecida pela grandeza das casas e dos grandes produtores e pela qualidade superior e singularidade do nosso vinho.
Aqui na nossa região, éramos os maiores. Mas a expansão faz-se a partir da criação da Festa das Vindimas, que visou a difusão e a promoção dos vinhos de qualidade Palmela.
Palmela é uma terra de privilégios - o seu Moscatel é único!”
Tito Monteiro [1947]
Ocupando uma área de 465 km2, aproximadamente, o concelho de Palmela expande-se numa geomorfologia muito particular que se plasma na diversidade das quatro freguesias sinalizadas por um terroir singular que, enquanto produto social em contínua transformação, se representa nas diferentes marcas culturais e centros de produção (da pisa às adegas), corolário do desenvolvimento do setor produtivo agroindustrial e das modernas arquiteturas do vinho.
Integrada na quarta Região Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, Palmela orgulha-se da sua estrutura agrária documentada desde os forais e que, na geografia de finais de Oitocentos, assinala «a imensa propriedade com o maior vinhedo do mundo» e, em meados dos anos trinta do século passado, a mais moderna tecnologia de vinificação, atestando, na fileira do vinho, os produtos singulares de excelência, premiados no panorama da vinificação nacional e europeia.
Cultura em expansão, que domina a maior área vitícola por concelho com mais de 6000 hectares, conta com uma população que sempre viveu subsidiariamente desse trabalho e cuja espessura dinâmica forjou e se representa no programa de criação da Festa das Vindimas.
Legado ancestral que alinha Memória e Identidades, o património milenar da cultura da vinha e do vinho assume uma centralidade na longa duração da história do concelho, presidindo, no Programa do Museu Municipal, ao estudo e identificação das unidades de produção agrícola e cartografia das Adegas, e no levantamento e registo das marcas e memória empresarial, conjuntamente às ações de divulgação e educação patrimonial, todas, expressão de valor na escrita da paisagem cultural.