Palmela e Território Arrábida com menos fogos
Um total de 64 ocorrências e 37,9ha de área ardida são os registos referentes ao Concelho de Palmela para a época de fogos florestais 2020. Números que representam uma forte redução, face quer a 2019 (97 – 86,27ha), quer à média dos últimos 10 anos (120,8 – 100,81ha), e que seguem a mesma linha na região da Arrábida, em conjunto com Sesimbra e Setúbal. O Município de Palmela notificou 86 proprietárias/os por falta de gestão de combustível nos terrenos privados, em área rural e florestal, e procedeu à gestão de combustível, em substituição de privados, numa área de 55ha.
O balanço do DECIR 2020 - Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, que compreende o período entre 15 de maio e 15 de outubro, foi apresentado no dia 19 de novembro, no Convento de S. Paulo, em Palmela, numa iniciativa do Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal da Arrábida, com a participação dos Presidentes dos três municípios. Na ocasião, o Presidente de Palmela, Álvaro Balseiro Amaro, lembrou a especificidade do Concelho, com mais de 465km2 de extensão (muitos deles, florestais e rurais), e atribuiu os bons resultados alcançados ao trabalho de continuidade e ação coordenada dos agentes de proteção civil do território (Corpos de Bombeiros, GNR/SEPNA, Serviço Municipal de Proteção Civil, ICNF, Forças Armadas), valorizando o seu mérito e dedicação, bem como a um conjunto de campanhas de informação e sensibilização que têm sido desenvolvidas junto da comunidade, nos últimos anos, da correta gestão de combustível ao licenciamento de queimadas, entre outras.
Sustentabilidade e financiamento são preocupações
Considerando que mais de 90% das ignições, em Portugal, têm origem humana, em grande parte, decorrentes de negligência e acidentes relacionados com queimadas e queimas de sobrantes (dados do Observatório Técnico Independente), os municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal estão a planear um projeto de parceria para recuperação de biomassas, como alternativa sustentável, ao dispor de proprietárias/os e produtoras/es. Preocupados, também, com a falta de pontos de água na Arrábida, estão a programar a instalação de reservatórios de água, de grande capacidade, compatíveis com a utilização por helicópteros, em locais estratégicos do Parque Natural.
O financiamento continua a ser uma questão premente, no que respeita ao funcionamento do GTFIA - constituído em 2008, e que se pretende ver reforçado, em ações e competências, ao nível dos recursos técnicos e humanos - bem como à atividade assegurada pelos Bombeiros, que vivem com grandes dificuldades e necessidades ao nível de equipamento e viaturas. Estes temas já justificaram várias diligências políticas por parte dos municípios, que pretendem ver esclarecidas, também, as questões de enquadramento legal dos Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndios e dos Planos Operacionais Municipais, criadas pela entrada em vigor, este ano, do Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais.