Município de Palmela manifesta pesar pela tragédia nacional dos incêndios no centro do país
A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião pública de dia 25 de outubro, um voto de pesar, onde manifesta solidariedade para com as famílias das vítimas, desalojados, população, empresários e municípios atingidos pela tragédia nacional dos incêndios no centro do país.
Segue, abaixo, o texto integral do voto de pesar:
«15 de Outubro fica marcado como o pior dia de incêndios em Portugal, com o registo de 523 fogos, que assolaram principalmente os distritos de Castelo Branco, Coimbra, Aveiro, Viseu e Leiria, causando 45 vítimas mortais, mais de 200 mil hectares de floresta ardida, centenas de habitações e empresas destruídas.
Às muitas centenas de pessoas desalojadas, que perderam todos os seus bens, somam-se muitos postos de trabalho destruídos, milhares de cabeças de gado perdidas, culturas devastadas, aldeias onde a vida parou, à espera do auxílio para a reconstrução do possível. Uma recuperação que dificilmente chegará para as centenas de milhares de portugueses cuja sobrevivência dependia das atividades económicas ligadas à floresta e à criação de gado em espaços agro-florestais.
Mais de seis mil operacionais combateram no terreno, durante três dias, um total de 700 incêndios que obrigaram a uma grande dispersão de meios, em condições atmosféricas extremas e anómalas para o período de outono – a área ardida foi quatro vezes superior à que, em junho, consternara o país, aquando do incêndio em Pedrógão Grande, que vitimou 64 pessoas.
A dimensão da tragédia humana e da destruição de um património ambiental tão rico e antigo como era, por exemplo, o Pinhal de Leiria, tem, para além das origens naturais, negligentes ou criminosas destes incêndios, razões de muitos anos de abandono - no ordenamento, limpeza e proteção da floresta, na extinção do corpo de guardas florestais que habitavam as florestas, nas políticas sociais e locais que conduzem à desertificação dos campos e das aldeias, na extinção serviços públicos de proximidade, na extinção de freguesias, nos cortes orçamentais que reduziram apoios e investimentos das associações de bombeiros. Na liberalização da plantação de eucalipto, cujo risco na propagação de incêndios ficou demonstrado na destruição de milhares de hectares, há dez anos, na Grécia.
Estes crimes de negligência não podem ser ignorados quando se constrói um plano de prevenção e combate aos fogos florestais – nem podem algumas forças políticas, no seu sórdido aproveitamento da tragédia nacional, alijar as responsabilidades que pretendem atribuir a outros!
De igual modo, é obrigatório ouvir e contar com todas as estruturas de direção e comando dos bombeiros portugueses, com a sua experiência e formação, com o seu conhecimento do terreno (onde tantas vezes encontram obstáculos ao seu trabalho no lugar onde devia haver um caminho ou um corta-fogo, onde falta água nas bocas de incêndio ou falham as comunicações…). A criação de grupos profissionais não pode substituir ou absorver administrativamente as Associações de Bombeiros, mas antes integrá-las numa estrutura nacional mais forte e coesa, com mais capacidade de resposta e meios adequados às condições concretas dos territórios, sob pena de se desperdiçar, uma vez mais, um património de experiência, profissionalismo, reconhecimento local e altruísmo inexcedíveis.
Reunida em sessão pública, a Câmara Municipal de Palmela delibera:
- Manifestar o seu profundo pesar e solidariedade às famílias das vítimas, aos desalojados, população, empresários e municípios atingidos por esta tragédia nacional;
- Manifestar o seu público reconhecimento às/aos bombeiras(os) que combateram corajosamente estes incêndios, destacando, em particular, os soldados da paz das associações de bombeiros de Palmela, Águas de Moura e Pinhal Novo que, uma vez mais, deram provas da sua abnegação, coragem e profissionalismo;
- Recomendar ao governo que a reforma dos sistemas de prevenção e combate a incêndios, aprovada pelo Conselho de Ministros do passado dia 21, cuja urgência se impõe, seja acompanhada de políticas de desenvolvimento social e económico que, nos planos regional e local, contribuam para contrariar as assimetrias e a desertificação do interior do país e a real defesa da floresta e dos espaços naturais.
- Enviar o presente voto às seguintes entidades:
Primeiro-Ministro
Ministro da Administração Interna
Secretário de Estado da Proteção Civil
Grupos Parlamentares
Associações de Bombeiros de Águas de Moura, Palmela e Pinhal Novo
Liga dos Bombeiros Portugueses
Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal
Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC)
Comissão Distrital de Proteção Civil de Setúbal
Juntas de Freguesia do Concelho de Palmela
Comunicação Social ».