Grutas Artificiais da Quinta do Anjo
As Grutas Artificiais de Quinta do Anjo foram escavadas por António Mendes, sob orientação de Carlos Ribeiro, em 1876, crendo-se que poderão ter existido trabalhos anteriores.
Em 1906 António I. Marques da Costa retoma as escavações e, desde então, o monumento tem sido estudado por diversos investigadores nacionais e estrangeiros. Destaca-se a publicação, em 1965, do catálogo exaustivo dos materiais da necrópole, por Vera Leisner. Em 1934 as grutas foram classificadas como Monumento Nacional
A necrópole é composta por quatro hipogeus que foram escavados no calcário brando da Arrábida durante o Neolítico Final, continuando a ser utilizada como espaço de morte até ao final do Horizonte Campaniforme (há 3 900 anos).
Arquitetonicamente, as grutas ou hipogeus apresentam topo aplanado, câmara subcircular dotada de abóbada com claraboia superior central, antecâmara de planta ovalada e corredor estreito com sentido descendente para a entrada da câmara.
Durante cerca de 1 500 anos estas estruturas serviram de local de enterramento e de rituais funerários a uma população de pastores e agricultores que habitava os povoados circundantes.
Forneceram espólio de grande interesse arqueológico, constituído por exemplares de indústria lítica (geométricos, pontas de seta), machados e enxós de pedra polida, placas de xisto, recipientes cerâmicos e artefactos em calcário (por ex. ídolos cilindro, almofarizes), em osso (botões, alfinetes) integráveis entre o Neolítico Final e o Calcolítico.
Mas é durante o Horizonte Campaniforme que se produzem as célebres pontas de seta de cobre, em forma de folha lanceolada, reconhecidas como tipo Palmela, e também as taças tipo Palmela. A característica cerâmica campaniforme, decorada segundo as técnicas do pontilhado e/ou linear, ganhou especificidade única em Palmela ao ser aplicada a taças em calote de esfera, com lábio espessado e decorado, originando a designação de taça tipo Palmela.