Palmela congratula-se com libertação de Ahed Tamimi
A libertação, a 29 de julho, da jovem palestina Ahed Tamimi motivou uma saudação, aprovada, de forma unânime, pela Câmara Municipal de Palmela na reunião pública realizada a 22 de agosto. Foi sublinhada a mensagem de esperança e desejo de justiça e liberdade, divulgada pela jovem, que já se transformou num símbolo de resistência, e a importância de agir pelos direitos humanos das centenas de crianças e jovens encarcerados em prisões israelitas, sem direitos nem defesa.
O Município de Palmela, que tem procurado sensibilizar a opinião pública para a causa do povo palestino, apela à intervenção da comunidade internacional e exige o cumprimento das sucessivas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pelo fim da ocupação ilegal dos territórios palestinos por Israel e o respeito pelos seus legítimos direitos.
Segue, abaixo, o texto integral da saudação.
«No dia 29 de julho, a jovem palestina Ahed Tamimi foi libertada da prisão israelita de Sharon, 21 dias antes de cumprir a pena de oito meses a que fora condenada. Acompanhada pela mãe, Nariman, igualmente condenada a oito meses de encarceramento, Ahed Tamimi foi recebida com entusiasmo pelas/os suas/seus conterrâneas/os, para quem se tornou, já, um símbolo da luta pela liberdade. Também os média internacionais acompanharam o momento, que a jovem aproveitou para dar visibilidade à causa, sublinhando que a «resistência continua até que a ocupação termine». Em vez de ódio ou vingança, Tamimi divulgou uma mensagem de esperança e justiça, revelando que, durante os meses de prisão, decidiu estudar direito para poder levar a outros patamares a luta pela libertação do seu país e defender quem é injustamente detido.
A família Tamimi congratula-se com a libertação de Ahed, condenada por pontapear e esbofetear, no seu quintal, dois soldados israelitas, armados e com equipamento protetor (minutos antes, um primo de 14 anos havia sido baleado com uma bala de borracha e entrara em coma), e da mãe, acusada de incitar à violência por ter filmado e divulgado o vídeo, mas continua a temer pela vida do irmão de Ahed, Wa’ed, com 22 anos, conhecido ativista contra a ocupação, que continua preso enquanto aguarda sentença.
O Município de Palmela tem acompanhado a situação e desenvolvido ações, no sentido da sensibilização, solidariedade e apelo à Paz. A 10 de janeiro de 2018, foi aprovada uma moção pela libertação de Ahed Tamimi e, no âmbito do “Março a Partir”, foi promovido, a 15 de março, um programa com as/os jovens do concelho, que incluiu, entre outras iniciativas, uma exposição sobre a Herança Cultural da Palestina, uma intervenção artística e a assinatura de uma petição pública pela libertação da jovem palestina.
Continua a ser urgente atuar contra a violação dos direitos humanos das centenas de crianças e adolescentes palestinas/os, aprisionadas/os em cárceres israelitas, a maior parte sem haver cometido crime punível por lei e sem direito a uma defesa justa. De acordo com a Amnistia Internacional, «Israel lança mão de tribunais militares arbitrários para punir quem ouse confrontar a ocupação e as políticas de expansão dos colonatos ilegais, independentemente da idade» e as crianças presas «continuam a enfrentar os abusos e as difíceis condições do sistema prisional de Israel, que faz vista grossa aos princípios de justiça juvenil e aos padrões de tratamento que é devido aos presos».
Diariamente, chegam-nos notícias cruéis de morte e miséria de um território sitiado e que, lentamente, definha perante o olhar envergonhado, mas imóvel, de grande parte da comunidade internacional. Em simultâneo, ações insensatas dos Estados Unidos da América, sob administração Trump, incentivam a política de Israel e enfraquecem a posição das Nações Unidas. Neste contexto, Israel aprovou, em julho, uma nova lei que define o país como um Estado exclusivamente judeu, estabelece a «totalidade unificada de Jerusalém» como capital e diminui a importância da língua árabe, que deixa de ser oficial. Com esta medida, abrem-se as portas a um regime legal de segregação, que promove a superioridade étnica e religiosa da população judaica sobre as minorias.
Mais do que apartheid, a teoria de genocídio do povo palestino toma contornos cada vez mais nítidos: dados das Nações Unidas confirmam que, desde 30 de março deste ano, em resultado de confrontos na Faixa de Gaza, morreram 172 palestinas/os e ficaram feridas/os mais de 17 mil, enquanto em Israel, há registo de um morto e de 20 feridas/os.
Reunida na Biblioteca Municipal de Palmela a 22 de agosto de 2018, a Câmara Municipal de Palmela saúda a libertação de Ahed Tamimi, símbolo de resistência e esperança do povo palestino, e mantém a sua posição de sensibilização e apoio para a causa palestina pelos meios ao seu alcance, exigindo, uma vez mais, o cumprimento das consecutivas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pelo fim da ocupação ilegal dos territórios palestinos por Israel e o respeito pelos seus legítimos direitos.
Propõe-se dar conhecimento da presente saudação às seguintes entidades:
- Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas
- Presidente da República
- Primeiro-Ministro
- Ministro dos Negócios Estrangeiros
- Grupos Parlamentares da Assembleia da República
- Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina
- Presidente da Assembleia Municipal de Palmela
- Presidentes das Juntas de Freguesia e União de Freguesias do Concelho
- Embaixada de Israel
- Missão Diplomática da Palestina
- Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente
- Comunicação Social».