Palmela solidária com a resistência do povo palestino: Destruição da aldeia de Khan al-Ahmar
A crescente ocupação dos territórios palestinos pelos colonatos israelitas conheceu, nos últimos dias, mais um grave desenvolvimento, com a transferência forçada de cerca de duas dezenas de palestinas/os, na sua maioria, menores, das suas casas, na aldeia de Khan al-Ahmar, na sequência do ultimato do Governo Israelita, que deu como data limite o dia 1 de outubro e se prepara, agora, para demolir a aldeia.
A repressão generalizada sobre o povo palestino acontece de forma cada vez mais clara e sem pudor, com o apoio dos aliados americanos e sob a condenação internacional, que não se traduz, no entanto, em ações concretas.
Na reunião pública de 3 de outubro, o Município de Palmela voltou a tomar posição em solidariedade para com a Palestina, através de uma moção, aprovada por unanimidade, em que exorta o Governo Português a condenar esta transferência forçada e a agir através dos meios diplomáticos.
Transcreve-se, abaixo, o texto da moção:
«As famílias que habitavam a aldeia palestina de Khan al-Ahmar, nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia, viram o Governo Israelita ordenar a sua saída até 1 de outubro, com vista à destruição da aldeia, situada entre dois bairros israelitas. Perto de duas centenas de pessoas – das quais mais de 50% são crianças e adolescentes – foram afetadas por esta transferência forçada, que será seguida da destruição da aldeia.
Esta medida, que está a ser condenada pela comunidade internacional, mas sem ações concretas que ajudem a reverter a situação, constitui mais um triste episódio da política de agressão e apartheid em curso por Israel, com o apoio dos Estados Unidos da América, contra o povo palestino, inviabilizando a criação de um Estado da Palestina no território palestino, cada vez mais fragmentado.
Uma delegação de deputados do Parlamento Europeu que esteve de visita, recentemente, a Khan al-Ahmar, fez questão de lembrar que a transferência forçada de pessoas sob ocupação é uma violação grave da Quarta Convenção de Genebra e é considerada um crime de guerra.
A destruição desta aldeia junta-se, assim, ao massacre de manifestantes, à prisão indiscriminada e sem direito a defesa, à repressão social, política, económica e religiosa do povo palestino, num triste pacote de situações que o Município de Palmela tem vindo a denunciar e a expor junto da comunidade e de diversas entidades, sublinhando a urgência de fazer cumprir o direito internacional e as sucessivas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, cuja credibilidade se encontra seriamente beliscada.
Mais uma vez, na Sessão da Assembleia Geral da ONU que terminou no dia 1, em Nova Iorque, os Governos de Israel e EUA deram provas da sua aliança em prol da obliteração deste povo e do desenvolvimento de novos palcos de guerra no Médio Oriente, que possam alimentar a poderosa indústria bélica. No entanto, os discursos e ações construídas com base no ódio, na discriminação, na xenofobia e na ignorância não podem ganhar a batalha, sobrepondo-se à diplomacia, à tolerância e à informação.
Reunida na Biblioteca Municipal de Palmela, a 3 de outubro de 2018, a Câmara Municipal de Palmela:
- exige, uma vez mais, o total respeito pelo direito à autodeterminação e independência do povo palestino;
- à semelhança do documento aprovado, recentemente, pelo Parlamento, exorta o Governo Português a «condenar a decisão e a tomar as adequadas medidas diplomáticas no sentido da reversão desta decisão»;
- manifesta a sua total solidariedade para com o povo palestino e os seus representantes, mantendo o seu compromisso de dar voz à sua luta pela Liberdade através dos meios ao seu alcance;
- dá conhecimento da presente Moção a
. Sua Excelência o Presidente da República
. Sua Excelência o Primeiro-Ministro
. Sua Excelência o Ministro dos Negócios Estrangeiros
. Grupos Parlamentares da Assembleia da República
. Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina
. Assembleia Municipal de Palmela
. Juntas de Freguesia do Concelho
. Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas
. Embaixada de Israel
. Missão Diplomática da Palestina
. Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente
. Conselho Português para a Paz e Cooperação
. Comunicação social.»