Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo apresenta “O Toque” e “Salto Immortale” no Cine-Teatro S. João, em Palmela
“O Toque”, com concepção e coreografia de Clara Andermatt, e “Salto Immortale”, com coreografia de Denise Namura e Michael Bugdahn, são as peças que compõem o espectáculo.
As entradas têm o valor de 4 euros (descontos de 25% para grupos de quatro ou mais pessoas, portadores de Cartão Sénior e jovens até 25 anos inclusive), numa organização da Câmara Municipal de Palmela com a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo.
O TOQUE
Concepção e Coreografia: Clara Andermatt
Música Original: Vítor Rua
Interpretada por Clara Andermatt (percussão e voz) e Vítor Rua (electrónica).
Gravado no Red Tape Studio por António Duarte.
Figurinos: Aleksandar Protic
Luzes: Rui Simão
Assistente da Coreógrafa: Jose Román
Ensaiadora: Cláudia Sampaio
Bailarinos: Emilio Cervelló, Ricardo Freire, Susana Lima, Liliana Mendonça, Ana Rocha Néné, Gustavo Oliveira, Fábio Pinheiro, Rita Reis, Isadora Ribeiro.
«Queria começar pela música, queria que a peça coreográfica fosse construída a partir do processo de composição musical com o Vítor, até porque ele sempre me dá fortes impulsos criativos....e assim foi! Começámos por sessões de improvisação orientada e com regras muito claras. O Vítor pediu-me para ser eu a improvisar a 1ª sessão – Sessão Acústica. Diferentes naipes de instrumentos, o ritmo sem ritmo, a ordem sem ordem, a suspensão, o som circular, as durações, as intensidades, a espacialização, as pausas, a intuição, a energia, a respiração e até o movimento do corpo.
Uma sessão de música dava-me para uma semana de trabalho com os bailarinos em estúdio – o que eu trazia dessa viagem sonora, era transposto para a construção da obra coreográfica. O método da composição musical foi adaptado ao método da composição coreográfica. O Vítor gravou as sessões seguintes – Electrónica e Percussão – mas fazia-me experimentar, perceber, escolher... Tínhamos, no fim, mais ou menos três horas de música. Seguiu-se a escolha, partindo do aleatório para depois dar lugar ao pensamento e adaptação ao processo e resultados do que se ia passando em simultâneo na dança.
E assim a obra no seu conjunto aconteceu, vivida e percebida por todos, eu, Vítor e os cúmplices Bailarinos da Companhia, que embarcaram nesta viagem de improvisação e descoberta com uma disponibilidade e entrega totais. Viajámos em conjunto, e assim continuamos, sempre com a consciência do que estamos a fazer e não do como estamos a fazer. Sendo uma peça abstracta pelo método da sua construção, ela é habitada espontaneamente por personagens, objectos e emoções que tocam e que se ouvem.
Um toque que sopra lá do fim do mundo. Nunca sabemos quando nos toca, e muitas vezes porque nos toca e como nos toca... O som tem um tempo eterno e o espaço todo é infinito
Como vem de lá não sei, mas é perfeito!»
Clara Andermatt
SALTO IMMORTALE
Coreografia: Denise Namura e Michael Bugdahn
Música: Wim Mertens
Cenografia: Denise Namura e Michael Bugdahn
Figurinos: Liliana Mendonça e Denise Namura
Luzes: Michael Bugdahn
Bailarinos: Emilio Cervelló, Ricardo Freire, Susana Lima, Liliana Mendonça, Ana Rocha Néné, Gustavo Oliveira, Fábio Pinheiro, Rita Reis, Jose Román.
«Nesta coreografia para os dez bailarinos da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, inspirámo-nos livremente num dos mais belos e famosos contos do autor brasileiro José Guimarães Rosa, “A terceira margem do rio”.
Trata-se da história de um homem que se evade de toda e qualquer convivência com a família e com a sociedade, preferindo a completa solidão do rio, lugar em que, dentro de uma canoa, rema “rio abaixo, rio a fora, rio a dentro”. O clímax do conto é o momento em que o pai, depois de tantos e tantos anos, faz um aceno para o filho quando este se propõe a tomar o seu lugar na canoa. Durante toda a história, todos esperavam qualquer comunicação com o pai, o que nunca ocorreu, mas neste momento crucial o filho foge, apavorado.
Tratámos este material de uma forma mais abstracta, concentrando-nos nos diversos estados emocionais e situações ligadas ao texto: a busca do absoluto, as escolhas de vida, a solidão, o medo, a relação do pai e do filho, a oposição ausência-presença. Gostaríamos de transportar o público para este universo, marcado de humor e poesia, e carregado do gestual e da escritura que nos são totalmente pessoais.
Universo Musical
Após as nossas duas últimas criações com músicas respectivamente de Jacques Brel e do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, recorremos agora ao universo particular do compositor belga Wim Mertens. Depois de alguns discos electrónicos bastante experimentais, Wim Mertens é hoje em dia um compositor conhecido por suas músicas magnificamente harmoniosas. Contudo ele possui diversas facetas, seu universo musical é profundo dentro de seu minimalismo.»
Denise Namura e Michael Bugdahn
*Foto com crédito de Adriano Naccache Lira