Município de Palmela saúda 25 de Abril e 1.º de Maio
A Câmara Municipal de Palmela aprovou, por unanimidade, na reunião pública descentralizada de 21 de abril, a Saudação ao 25 de Abril e 1.º de Maio, apresentada pela CDU e a Saudação ao 25 de Abril, pela vereação PS.
Transcreve-se, abaixo, os textos integrais das Saudações:
Saudação ao 25 de Abril e 1º. de Maio | CDU
«Em 2020, vivemos as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio em confinamento, com justificada preocupação, mas sem tempo suficiente para refletirmos sobre a experiência nem para fazermos previsões quanto ao futuro. Tudo era novo e assustador, e o valor da Liberdade adquiriu uma nova dimensão.
Um ano volvido, e a batalha contra a COVID-19 transformou-se numa longa e penosa guerra, que registou, no início de 2021, o seu episódio mais trágico. É, pois, legítimo que a reflexão sobre o 25 de Abril e o 1.º de Maio nos remeta, este ano, com especial enfoque, para a Saúde e a situação inesperada que se abateu sobre nós, levando-nos a rever sonhos, prioridades e perspetivas. O Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma das maiores conquistas de Abril, enfrentou uma duríssima prova e, apesar de fragilizado por anos de desinvestimento e com meios humanos e materiais insuficientes, respondeu de forma corajosa e inequívoca. O merecido reconhecimento público ao SNS e às/aos profissionais que têm estado na linha da frente, com elevado altruísmo e abnegação, sublinha, de forma convicta, a importância de reforçar o investimento no sistema público de saúde – mas também nos Corpos de Bombeiras/os, nas forças de Segurança e Proteção Civil, entre outras/os - valorizando as carreiras de quem se dedica a cuidar de nós.
Celebraremos o 47.º aniversário da Revolução de Abril no contexto do 15.º Estado de Emergência. Apesar do progressivo desconfinamento, que nos permite algum regresso à rua, à atividade e ao contacto, temos, ainda, pela frente um longo caminho, cheio de incertezas.
As sucessivas interrupções e alterações de modelo deixaram marcas profundas nos processos de ensino/aprendizagem, mas também na formação social e cidadã das crianças e jovens. No mundo do trabalho, o encerramento ou retração de milhares de micro, pequenas e médias empresas e a paralisação de setores como o turismo, a hotelaria, a cultura ou o desporto, aumentaram os números do desemprego e os pedidos de apoio social de emergência. Sem atividade há muitos meses, o associativismo cultural, desportivo e recreativo, verdadeiro pilar comunitário, vê em risco a sua sobrevivência.
A banalização dos Estados de Emergência e confinamentos não pode continuar a ser solução para uma situação que se prolonga no tempo e para a qual já dispomos, hoje – ao contrário de 2020 – de outras armas, fornecidas pela ciência. Com responsabilidade e respeito pelas medidas sanitárias, é preciso testar de forma massiva e vacinar mais e mais depressa. E para que tal seja possível, é necessário que Portugal não fique refém de interesses da indústria farmacêutica, do incumprimento de contratos com a União Europeia e de vacinas que acumulam queixas e problemas, contribuindo para o aumento da desconfiança junto do público. É urgente diversificar as opções e avançar com a aquisição de outras vacinas, de eficácia reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, e criar condições para a produção de vacinas em Portugal.
Este é, também, um caminho indispensável para honrar Abril e cumprir a Democracia, pondo fim ao condicionamento e restrições às liberdades individual e coletiva, permitindo o desenvolvimento de um percurso de bem-estar social e económico, que não deixe ninguém para trás.
O Poder Local Democrático é, reconhecidamente, outra das grandes conquistas de Abril e um dos principais motores do desenvolvimento do país. No entanto, a Regionalização continua por cumprir, 45 anos depois, e as autarquias locais são rebaixadas, por via da Descentralização em curso, ao papel de tarefeiras da Administração Central, recebendo, unilateralmente, competências para as quais não lhes são fornecidos os meios correspondentes nem o poder para as gerir e questionar. No Concelho de Palmela, mantemos viva a luta pela desagregação das freguesias de Marateca e Poceirão que, como tantas outras no país – e apesar das promessas - não poderão retomar o seu lugar na vida das comunidades no ato eleitoral deste ano.
Globalmente, a opressão toma, hoje, outras formas, mais dissimuladas, mas igualmente perversas. A xenofobia, o racismo e a segregação em todas as suas formas escondem-se em discursos populistas e as tentativas reiteradas de branqueamento do passado ganharam ímpeto com a ascensão do mundo digital, no último ano. Demasiado filtrado e manipulável, o contacto impessoal retirou espaço ao debate, à reflexão e ao diálogo frontal, olhos nos olhos.
Honrar Abril é, pois, reafirmar a confiança na Democracia no futuro. É, mais do que nunca, pugnar pela Paz, pela Igualdade, pela Solidariedade, pelo Trabalho qualificado, pela Justiça. É expor a mentira, a corrupção, a desinformação e apostar na cidadania plena e informada. É recuperar a proximidade e os afetos e encontrar soluções para, em segurança e com saúde, podermos trabalhar, produzir, aprender, conviver e retomar projetos de vida.
Reunida em Pinhal Novo, a 21 de abril de 2021, a Câmara Municipal de Palmela saúda o 25 de Abril, o 1.º de Maio, a Constituição da República Portuguesa e os homens e as mulheres que se envolveram na sua construção. Saúda, igualmente, a população do Concelho de Palmela, às/aos trabalhadoras/es, autarcas, forças de segurança, entidades de saúde, rede social, empresas, comunidade educativa, movimento associativo - e a quem, com elevado espírito cidadão e democrático, mantém o espírito de Abril vivo e em permanente renovação – e exorta à participação ativa no programa de celebrações locais e nacionais.
Viva o 25 de Abril!
Viva o 1.º de Maio!
Viva o Poder Local Democrático!».
Saudação ao 25 de Abril | PS
«Quarenta e sete anos após o 25 de abril de 1974, a revolução dos cravos continua a simbolizar um momento determinante na história contemporânea de Portugal.
Comemorar o 25 de abril é celebrar a democracia e a liberdade individual e coletiva, a consagração da cidadania, dos direitos económicos, sociais e culturais dos cidadãos e dos trabalhadores, a igualdade de género, o fim do colonialismo e do regime corporativo que o promoveu.
A qualidade de vida da generalidade dos cidadãos melhorou significativamente graças, designadamente, ao desenvolvimento da escola pública, da segurança social, do serviço nacional de saúde, de novos direitos individuais e coletivos.
Como democratas, continuamos a encontrar motivos para considerar que há ainda muito a fazer no sentido de um maior desenvolvimento, na sustentabilidade social e territorial, na criação de mais e de melhor emprego, de mais justiça e de maior igualdade de oportunidades.
Porém, nunca poderemos esquecer que Portugal é hoje um país absolutamente diferente do que era antes do 25 de abril de 1974: mais livre, mais justo e mais moderno.
Vivemos, nos últimos anos, tempos prósperos, que nos permitiram devolver aos reformados e pensionistas as suas pensões, aumentar o salário mínimo, investir no Serviço Nacional de Saúde, universalizar a educação pré-escolar, repor os feriados e manter no setor público, os transportes urbanos em Lisboa e no Porto.
Para além de tudo isto, foi ainda possível alcançar o défice mais baixo desde o 25 de abril de 1975, aumentar o crescimento económico, diminuir o desemprego, aumentar as exportações e ainda o investimento privado.
Definiram-se novas políticas, privilegiando a reposição dos rendimentos e o relançamento da economia e do emprego, como prioridade para inverter o ciclo de políticas de austeridade.
Não podemos porém esquecer que desde março de 2020, fomos todos sobressaltados por uma nova realidade que nos obrigou a alterar a nossa vida. Neste momento de pandemia, em que todos os dias somos confrontados com um inimigo invisível, que a todos nos preocupa e nos obriga a sermos mais capazes de ajudar o outro e respeitar novas e difíceis regras individuais e coletivas, temos que nos orgulhar da nossa admirável capacidade de solidariedade e de fraternidade, enquanto cidadãos e cidadãs livres e responsáveis.
Realçamos, neste 25 de abril, o papel fundamental de todos os profissionais de saúde, da proteção civil, das IPSS, da educação e de todos os outros setores de atividade que, enquanto profissionais, ou de forma voluntária, permitem melhorar as respostas institucionais, públicas e privadas, ao serviço de todos.
A espuma dos dias e da vida nunca nos deixarão perder o sentido da luta que o povo Português soube construir, e é capaz de reconstruir em todos os momentos, num viver coletivo expresso no poder autárquico democrático e no movimento associativo e usufruímos da liberdade democrática e do Estado de Direito.
Em suma, "habitamos" na liberdade.
Mas para que o prédio da Liberdade não seja derrubado por força dos vampiros de extrema direita, que hoje à luz do dia e com o benefício da Democracia, não têm vergonha de insultar o Povo Português, com atitudes e frases homofóbicas, xenófobas, antidemocráticas, de enorme violência, anti constitucionais e perigosas, para o regime democrático, é imperioso continuar a lutar todos os dias.
Por isto, é fundamental continuar a Comemorar o 25 de Abril, retomar o fôlego, ganhar novas forças, voltar a acreditar e trazer todos os dias “Outro Amigo” e que com ele “Venham Mais Cinco”.
Continuemos a ter a coragem e a capacidade de Unirmos as mãos e as vozes, de Partilharmos esforços e trabalhos, conscientes de que “ quem quer faz na hora, não espera acontecer “…
E como diz o poema de Manuel Alegre:
“Foram dias, foram anos a esperar por um só dia. Alegria. Desenganos. Foi o tempo que doía com os seus riscos e seus danos. Foi a noite e foi o dia na esperança de um só dia”.
Saudamos os "Capitães de abril" e todos os militares que se empenharam no Movimento das Forças Armadas;
Rendemos homenagem a todos e a todas que se bateram durante décadas de opressão pela liberdade, pela cidadania e pelos direitos humanos sociais e culturais dos cidadãos;
Continuaremos a lutar por trabalho com direitos e à proteção no desemprego, para todos os desempregados, ao aumento geral e gradual dos salários, bem como das pensões de reforma e à melhoria dos apoios sociais às famílias;
Defenderemos, sempre, o Serviço Nacional de Saúde, universal e gratuito, da escola pública de qualidade e inclusiva e a Segurança Social universal e solidária.
Viva o 25 de Abril.
Viva a Liberdade.
Viva Palmela».
Notícias relacionadas
-
25 de Abril: Jovens do concelho premiadas/os em Concurso de Poesia
25 de Abril: Jovens do concelho premiadas/os em Concurso de Poesia
27 Abr 2021 -
Palmela comemora 25 de Abril com cultura e evocação da memória histórica
Palmela comemora 25 de Abril com cultura e evocação da memória histórica
22 Abr 2021 -
25 de Abril: Carlos Alberto Moniz traz espetáculo inédito ao Cine-Teatro S. João
25 de Abril: Carlos Alberto Moniz traz espetáculo inédito ao Cine-Teatro S. João
22 Abr 2021