4 a 6 de março: novas sugestões para “Ver, Ouvir e Ler”

O “Ver, Ouvir e Ler” online tem novas sugestões para este fim de semana (4 a 6 de março): “Aconteceu no Oeste”, “Songs for the Deaf” e “Cinco Minutos de Jazz”.
Para ver, o filme de Sergio Leone “Aconteceu no Oeste”, um épico que restabelece a importância do género western, mas num modo artístico – escrito por Dario Argento e Bernardo Bertolucci, com fotografia de Tonino Delli Colli e música de Ennio Morricone.
Para ouvir, “Songs for the Deaf” (2002), dos Queens of the Stone Age, 14 temas de rock alternativo, evocado como o ponto alto da carreira da banda.
Para ler, “Cinco Minutos de Jazz”, de José Duarte, que imortaliza o programa radiofónico de jazz mais antigo de Portugal e do mundo, que completa 57 anos em 2022.
Aceda aos canais digitais Palmela Município, onde pode encontrar as imagens de capa e mais informação sobre as sugestões da Rede Municipal de Bibliotecas Públicas do concelho de Palmela.
Sinopse VER
Aconteceu no Oeste,
um filme de Sergio Leone
Quando o rosto é uma paisagem.
Desde o começo dos anos 30 que os filmes de cowboys, como se dizia popularmente em Portugal, ocuparam grande lugar na preferência do público de cinema. Eles são o cinema americano por excelência e hoje grandes clássicos norte-americanos, como os de John Ford ou Howard Hawks, com atores de grande referência como John Wayne, Charles Bronson, Henry Fonda e tantos outros. Os temas, os heróis e as situações são: o cowboy solitário, as grandes paisagens do oeste americano cheias de perigos, a ocupação de terras, a criação de gado, os pistoleiros, os fora da lei, a segregação e as lutas com os índios, o saloon, o xerife, os valores masculinos, já que se trata de filmes de homens onde havia poucas mulheres e à sua volta se desenvolvem os melodramas.
Este género teve o seu prolongado apogeu e queda e é hoje residual.
Surge nos anos 60 o western filmado na Europa, cinema de baixo custo, e aparece o italiano Sergio Leone com este Aconteceu no Oeste, um épico que restabelece a sua importância mas num modo artístico. Escrito por Dario Argento e Bernardo Bertolucci, fotografia de Tonino Delli Colli, música de Ennio Morricone – e como a fotografia e a música são importantes!
Como se fosse uma ópera, cada personagem aparece com a sua banda sonora e os close up são intensos e prolongados. Pode também lembrar banda desenhada e, por vezes, um olhar enche todo o ecrã com grande significado. O jogo do grande plano – silêncio – grande plano – silêncio. A ocupação do ecrã com a silhueta do personagem a negro, é desenho e forma de homenagem.
Um filme longo de quase 3 horas e apenas 15 páginas de diálogo. John Ford dizia: um filme é bom quando tem muita ação e poucas palavras. Para colecionador.
Uma história muito violenta e muito bem contada, com um elenco de se lhe tirar o chapéu. Um enorme chapéu. Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale, Jason Robards.
Frank (Henry Fonda) é um pistoleiro a soldo dos caminhos-de-ferro, um criminoso que mata uma família inteira por possuir terreno e casa onde vai passar o comboio. A viúva Jill, desconhecida e herdeira, que chega depois da chacina, bela Claudia Cardinale, a única luz do filme que não está ali para morrer. Um misterioso forasteiro (Charles Bronson) que sempre toca harmónica impassível, sem medo e sem falhas, procura Frank para executar a vingança que só conheceremos no final.
Sinopse OUVIR
QUEENS OF THE STONE AGE
Songs for the Deaf
No passado dia 22 de fevereiro, o mundo musical chorou a morte de Mark Lanegan, um dos últimos sobreviventes do grunge. Um movimento surgido em finais de 1908, com o epicentro em Seattle (EUA), que refrescou – e de que maneira - o universo do rock alternativo.
Durante os seus 57 anos de vida terrena, Lanegan co-fundou os Screaming Trees, cantou com Layne Staley (Alice In Chains) nos Mad Season, colaborou com uma série de outros grupos e artistas e teve uma extensa carreira a solo, na qual pôde derivar da acústica à eletrónica, sempre com uma voz onde parecia morar a mais profunda escuridão.
No campo das colaborações participou, em 2002 – faz agora vinte anos -, no terceiro disco dos The Queens of the Stone Age, banda que tem como núcleo duro a dupla constituída por Josh Homme e Nick Oliveri. Para além de Lanegan, Homme e Oliveri convidaram a juntar-se à festa o guitarrista Dean Ween, entregando os controlos da bateria a Dave Grohl (Nirvana, Foo Fighters) - que, durante as sessões de gravação, deve ter ganho muito músculo.
O mote da banda parece ter sido o de se divertirem à grande, num disco que trocou o cristalino e radiofónico FM pelo mais abafado AM e que, ao longo dos seus 14 temas, tem como cicerone um colectivo de DJ's com um particular sentido de humor - e um estúdio com vista para o deserto.
Há por aqui muita imaginação e ainda mais vigor, num disco de rock alternativo, gloriosamente melódico e deliciosamente caótico, que alia a pura destruição a uma quase poética rendição do mundo.
Sinopse LER
Cinco Minutos de Jazz, de José Duarte. 2000
Gosto que poucos gostem de jazz… não chamem é elite a uma minoria
José Duarte
Um … dois … três … quatro … cinco minutos de Jazz
Esta introdução, e a música que se segue, imortalizou o programa radiofónico de jazz mais antigo de Portugal e do Mundo, que faz este ano 57 anos. Autor: José Duarte. Conceito muito simples: introdução, música, breve explicação, fim. Cinco minutos de erudição e encantamento.
O livro reúne textos sobre jazz e outras artes, através da escrita livre e inventiva deste grande comunicador que é uma lenda. Textos de Imprensa dos anos 90 a 2000 e frases lidas na Rádio. Muito se aprende lendo estes textos sobre músicos, sobre artistas, sobre a vida. Muito contribui para desenvolver uma mentalidade aberta em todas as direções.
Por todos os meios José Duarte passou: Rádio, Imprensa, Televisão, Internet. Escrever para ser lido ou escrever para ser ouvido é a sua atividade mais praticada.
«Os meus ouvidos são iguais aos vossos, é tudo uma questão de hábitos novos» Não é. Diz-se que José Duarte, Jazzé para os amigos, tem orelhas brancas e ouvidos negros.
José Duarte passou pela Biblioteca Municipal em Pinhal Novo em 2003, onde apresentou uma mostra de parte da sua coleção privada de cartazes de Jazz de todo o mundo, com conferências semanais a que chamava Encontros e Encontrões, onde nos ensinou imenso sobre o ofício de ouvir, falar e viver.
Zé: Há tanto tempo. Mas parece que foi ontem que nos conhecemos… Ficámos amigos para sempre e toda a vida tirei muito proveito dessa amizade.
Quando se fala de Jazz o nome de Zé Duarte vem-nos logo à lembrança. Pela sua sabedoria enciclopédica, pelas suas iniciativas múltiplas e constantes, pela sua perseverança na divulgação e na pedagogia, pelo amor àquilo em que acredita, ele é para todos os que gostam de jazz, uma referência e um mestre.
Homem encantador, mesmo quando resmunga, é sempre de uma generosidade ímpar, pondo ao dispor dos outros tudo o que sabe e tudo o que tem. Sou daqueles que lhe pediram uma discografia base de jazz. Permitam-me que, egoisticamente, a não revele!
Jorge Sampaio