“Ver, Ouvir e Ler” online com novas sugestões

Há novas sugestões para “Ver, Ouvir e Ler” online (6 a 8 de maio): “Young Mr. Lincoln”, “Wet Leg” e “Nadja”.
Para ver “Young Mr. Lincoln” (1939), um filme de John Ford sobre uma das figuras históricas mais veneradas, o 16.º presidente dos Estados Unidos, que conseguiu preservar a União durante a Guerra Civil e, por fim, abolir a escravatura.
Para ouvir, “Wet Leg”, do duo britânico indie rock com o mesmo nome, fundando em 2019 e que se estreou este ano nos discos.
Para ler, “Nadja” (1928), o principal romance de André Breton, que escreveu o Manifesto Surrealista.
Nos canais digitais Palmela Município pode encontrar as imagens de capa e mais informação sobre estas sugestões da Rede Municipal de Bibliotecas Públicas do concelho.
VER
Young Mr. Lincoln, um filme de John Ford. 1939
Acima de todos, John Ford, que dizia que só mexia a câmara quando os cavalos galopavam porque não queria distrair os espectadores do essencial.
João Botelho
Poucas figuras históricas são tão veneradas como Abraham Lincoln (1809-1865) o 16º presidente dos Estados Unidos que conseguiu preservar a União durante a Guerra Civil, e por fim abolir a escravatura.
E poucas duplas simbolizam tão bem o cinema clássico americano como esta formada pelo realizador John Ford e pelo ator Henry Fonda. Esta é a primeira de nove colaborações entre os dois, num filme em que Fonda tem o principal papel interpretando o mais amado presidente americano. Um filme perfeito, rigoroso, com grande sentido do mito, patriótico, lírico, visualmente belo.
O cineasta russo Sergei Eisenstein disse que gostaria de o ter realizado porque «de entre todas as obras que possuem uma harmonia quase clássica, esta ocupa o lugar de honra.»
Nova Salem, Illinois, 1832. Uma família que viaja de carroça precisa de mantimentos da modesta loja do jovem Abraham Lincoln, mas a única coisa que possuem é um livro de Direito. Abraham aceita o livro como troca. E assim Lincoln incentivado por Ann, o seu primeiro amor, se torna advogado.
Este filme está disponível na Biblioteca Municipal de Palmela.
OUVIR
WET LEG
«Wet Leg»
Há muito, muito tempo, provavelmente desde que os Franz Ferdinand nos tinham dado um ar da sua graça, que o indie rock tinha deixado de ser cool – isto se, por cool, entendermos músicas que ficam no ouvido, refrões que exigem ser cantados e canções que, mais do que falar profundamente do desconforto da existência, preferem olhar para as chatices da vida com muito humor, trocando a sofisticação – ou aborrecimento - pela excitação pura.
Rhian Teasdale e Hester Chambers são as Wet Leg, um duo britânico que se estreou este ano nos discos com um álbum homónimo, que rapidamente tomou de assalto ondas hertzianas, canais televisivos e playlists várias, e que lhes valeu entrevistas e aparições nos mais recomendados estabelecimentos indie do planeta.
O mais engraçado é que, em boa verdade, as Wet Leg não parecem trazer nada de novo. Ao longo de uma dúzia de temas que não chegam a bater a marca dos 37 minutos, não faltarão malhas de baixo, guitarras angulosas ou paisagens sonoras que nos farão evocar uma série de nomes, da velha à nova guarda, como Breeders, Elastica, Courtney Barnett, Strokes ou Parquet Courts. Porém, esta dupla revela-se exímia na arte do baralhar e voltar a dar, juntando a irreverência lírica a malhas curtas onde há tudo aquilo que poderíamos desejar: guitarras inflamadas, pausas para respirar, coros que pedem um eco e refrões que viajam entre a montanhas russa e o algodão doce.
Pensa-se na melhor forma de abandonar uma festa à francesa, combate-se a passividade e a perversão, responde-se a ex-namorados com o dedo do meio, resolve-se um ataque de pânico com um retemperador banho de espuma. Muito dançável, algo cínico e abençoadamente imperfeito, mora aqui um dos grandes discos de 2022.
LER
Nadja, de André Breton. 1928
Já que existes, como só tu sabes existir, talvez não fosse necessário que este livro existisse.
Max Ernst, a quem falei de Nadja, aceitaria fazer o seu retrato.
André Breton
André Breton (1896-1966), o chamado Papa do surrealismo, também dadaísta, que escreveu o Manifesto Surrealista, dirigiu a revista Revolução Surrealista, escreveu em publicações libertárias, foi poeta, influenciado por Appolinaire, Aragon e Éluard.
Nadja, seu romance principal, é uma mistura propositada de vários géneros literários e inclui fotografias de Man Ray e de Jack-André Boittard. Conta a história da sua relação com Nadja, uma jovem misteriosa que o fascina, que veio de Lille para Paris, e realmente se chamava Léona Delcourt. Através de Nadja, entre o sonho e a realidade, o autor deambula por Paris em busca da resposta à pergunta «Quem sou eu?». A Breton interessa a abundante ilustração fotográfica que ajuda o seu objetivo de eliminar toda a descrição, condenada no manifesto do surrealismo, e é um imperativo. Outro imperativo é a observação neuropsiquiátrica, mais importante do que as questões estilísticas. A escrita automática é o que se pretende, o despojamento voluntário do texto.
O movimento surrealista trouxe muitas novidades e furor, onde continuam a beber os que vieram depois. Gostemos ou não, o que seria da liberdade artística que hoje conhecemos se não tivesse existido o surrealismo e antes dele o movimento Dada?
É um movimento artístico e literário nascido em Paris em 1920, entre as duas Guerras, produto das vanguardas. Mas sem Freud e a sua invenção – a psicanálise – teria podido acontecer?
Existe um parentesco entre o surrealismo e a psicanálise. No inconsciente e nos sonhos está a verdadeira força criadora, fora do controle da razão e da racionalidade, do positivismo filosófico, da estética e da moral.
O desprezo pela realidade que faz derreter relógios e ver o impossível, um mundo de pernas para o ar. Entremos.
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